The Beatles
Nota: Para o décimo álbum do grupo (também conhecido como The White Album), veja The Beatles (álbum).
The Beatles | |
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Informação geral | |
Origem | Liverpool, Inglaterra |
País | Reino Unido |
Gênero(s) | Rock, pop |
Período em atividade | 1960-1970 (10 anos) |
Gravadora(s) | EMI, Parlophone, Capitol, Odeon, Apple, Vee-Jay, Polydor, Swan, Tollie, UA |
Afiliação(ões) | The Quarrymen, Eric Clapton, Tony Sheridan |
Integrantes |
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Ex-integrantes |
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Página oficial | www.beatles.com |
The Beatles foi uma banda de rock britânica, formada em Liverpool em 1960. É o grupo musical mais bem-sucedido e aclamado da história da música popular.[1] A partir de 1962, o grupo era formado por John Lennon (guitarra rítmica e vocal), Paul McCartney (baixo, piano e vocal), George Harrison (guitarra solo e vocal) e Ringo Starr (bateria e vocal). Enraizada do skiffle e do rock and roll da década de 1950, a banda veio mais tarde a assumir diversos gêneros que vão do folk rock ao rock psicodélico, muitas vezes incorporando elementos da música clássica e outros, em formas inovadoras e criativas. Sua crescente popularidade, que a imprensa britânica chamava de "Beatlemania", fez com que eles crescessem em sofisticação. Os Beatles vieram a ser percebidos como a encarnação de ideais progressistas e sua influência se estendeu até as revoluções sociais e culturais da década de 1960.
Com a formação inicial de Lennon, McCartney, Harrison, Stuart Sutcliffe (baixo) e Pete Best (bateria), os Beatles construíram sua reputação nos pubs de Liverpool e Hamburgo durante um período de três anos a partir de 1960. Sutcliffe deixou o grupo em 61, e Best foi substituído por Starr no ano seguinte. Abastecida de equipamentos profissionais moldados por Brian Epstein, que depois se ofereceu para gerenciar a banda, e com seu potencial reforçado pela criatividade do produtor George Martin, os Beatles alcançaram um sucesso imediato no Reino Unido com seu primeiro single "Love Me Do". Ganhando popularidade internacional a partir do ano seguinte, excursionaram extensivamente até 1966, quando retiraram-se para trabalhar em estúdio até sua dissolução definitiva em 1970. Cada músico então seguiu para uma carreira independente. McCartney e Starr continuam ativos; Lennon foi assassinado em 1980; e Harrison morreu de câncer em 2001.
Durante seus anos de estúdio, os Beatles produziram o que a crítica considera um dos seus melhores materiais, incluindo o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967), amplamente visto como uma obra-prima. Quase cinco décadas após sua dissolução, a música do grupo continua a ser muito popular. Os Beatles tiveram mais álbuns em número 1 nas paradas britânicas do que qualquer outro grupo musical.[2] De acordo com a RIAA, eles venderam mais álbuns nos Estados Unidos do que qualquer outro artista.[3] Em 2008, a Billboard divulgou uma lista dos top-selling de todos os tempos dos artistas Hot 100 para celebrar o cinquentenário das paradas de singles dos Estados Unidos, e a banda permaneceu em primeiro lugar.[4] Eles já foram honrados com 8 Grammy Awards,[5] e 15 Ivor Novello Awards da BASCA.[6] Segundo estimativas, já venderam entre 600 milhões e mais de 1 bilhão de discos em todo o mundo.[7][8][9][10][11] Os Beatles foram coletivamente incluídos na compilação da revista Time das 100 pessoas mais importantes e influentes do século XX.[12]
Índice
1 História
1.1 1957-1962: Formação
1.2 1960-62: Hamburgo, o Cavern Club e Brian Epstein
1.3 1962: Contrato de gravação e Ringo Starr
1.4 1962–63: Fama no Reino Unido
1.5 1963–64: Sucesso americano
1.6 1964-66: A Beatlemania atravessa o Atlântico
1.7 1966: Mudanças e controvérsias
1.8 1966–69: Anos de estúdio e espiritualidade
1.8.1 Retomando: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
1.9 1969-70: Último concerto e fim
1.10 1970-Presente: Pós-fim
2 Legado
2.1 Evolução musical
2.2 Influência na cultura popular
2.3 Pioneirismo
2.4 Influência nos países lusófonos
2.4.1 Brasil
2.4.2 Portugal
2.4.3 Angola
3 Integrantes
3.1 "Quinto Beatle"
4 Discografia
4.1 Álbuns de estúdio
4.2 Relançamentos em CD
4.3 Relançamentos em vinil
4.4 Discografia editada no Brasil
5 Filmografia
6 Notas
7 Referências
8 Bibliografia
9 Ver também
10 Ligações externas
História
1957-1962: Formação
Ver artigo principal: The Quarrymen
Em março de 1957, empolgado com o skiffle que Lonnie Donegan popularizou com seus sons improvisados, John Lennon criou uma banda composta por colegas da escola Quarry Bank School — que incluía seu melhor amigo na época, Pete Shotton — primeiramente chamada de The Black Jacks, mas logo definida como The Quarrymen (em homenagem à escola).[13] Inicialmente, além dos dois, a banda era composta por Eric Griffths (violão), Bill Smith (baixo improvisado) e Rod Davis (banjo). Em 6 de julho de 1957, Paul McCartney havia assistido a uma apresentação da banda em uma festa na Igreja St. Peter, e Ivan Vaughan, amigo de John Lennon e colega de classe de Paul, apresentou-lhe a Lennon; Paul foi convidado a ingressar na banda e, no mesmo ano, mostrou a Lennon a composição "I've Lost My Little Girl".[13] Em 6 de fevereiro de 1958, o jovem guitarrista George Harrison juntou-se à banda,[14] apresentado por Paul que o teria conhecido por acaso num ônibus.[15] Apesar da relutância inicial de Lennon pelo fato de Harrison ser três anos mais novo que ele (na época, com quinze anos),[16] McCartney insistiu depois de uma demonstração de George e este terminou ingressando no grupo. Lennon e McCartney desempenharam a guitarra rítmica durante esse período e, após o baterista oficial do Quarrymen, Colin Hanton deixar a banda, em 1959, depois de uma discussão com os outros membros, teve uma alta rotatividade de bateristas. Stuart Sutcliffe, colega de Lennon numa escola de arte de Liverpool, aderiu ao baixo em janeiro de 1960, a pedido do amigo.[13]
Como Paul e George estudavam no Instituto de Liverpool, não seria mais apropriado chamar a banda por "Quarrymen" e, então, o grupo passou por uma progressão de nomes, incluindo "Johnny and The Moondogs"[b]' e "Long John and The Beatles"[c]'. Sutcliffe sugeriu o nome "The Beetles" como homenagem a Buddy Holly e "The Crickets"[d]. Após uma turnê com Johnny Gentle na Escócia, a banda mudou definitivamente seu nome para "The Beatles". A primeira esposa de John, Cynthia Lennon, argumenta que o título "The Beatles" veio a John no Renshaw Hall bar, depois de ele beber cerveja.[17] Lennon, que era conhecido por dar diversas versões da história, ironizou num artigo da revista Mersey Beat de 1971 que teve uma visão onde "um homem, numa torta flamejante, disse: 'Vocês são Beatles com A'."[18] Durante uma entrevista em 2001, McCartney atribuiu a si o nome definitivo da banda, afirmando que "John tivera a ideia de nos chamar de 'The Beetles'; eu disse: 'por que não Beatles?; você sabe, como a batida da 'bateria'."[e]'[19]
Em maio de 1960, os então Silver Beetles[f] realizaram uma turnê no norte da Escócia, com o cantor Johnny Gentle, a quem a banda havia conhecido uma hora antes de sua primeira apresentação.[20] McCartney refere-se à viagem como uma grande experiência para a banda.[21] Naquela época, os Beatles não tinham um baterista fixo; assim, profissionais desse gênero tocavam para eles apenas em determinadas ocasiões.[carece de fontes]
1960-62: Hamburgo, o Cavern Club e Brian Epstein
Encontrando-se sem um baterista antes de seu próximo compromisso, em Hamburgo, Alemanha, o grupo convidou Pete Best para assumir a posição em 12 de agosto de 1960. Best tinha até então tocado com o grupo "The Blackjacks" no The Casbah Coffee Club — uma adega em Derby, Liverpool, onde os Beatles tocavam e visitavam algumas vezes — que pertencia à sua mãe, Mona Best.[22] Quatro dias após a entrada de Best, o grupo partiu para Hamburgo; lá, eram obrigados a se apresentar seis ou sete horas por noite durante sete dias por semana e provavelmente estimulavam-se com bebidas e drogas.[23] O repertório era de covers de rock'n'roll dos anos 1950, basicamente americanos. Em 21 de novembro de 1960, Harrison foi deportado por ter mentido às autoridades alemãs sobre sua idade.[23] Após um incêndio acidental — envolvendo Paul e Pete — no quarto onde dormiam, a polícia os prendeu e os deportou em dezembro.[23] John retornou para Liverpool com eles em meados de dezembro, sem dinheiro e triste.[23] O grupo reuniu-se para uma performance em 17 de dezembro de 1960 no Casbah Club, com Chas Newby, músico que substituía Sutcliffe.[24] Ele havia ficado em Hamburgo, com sua nova paixão – Astrid Kirchherr – que conheceu por lá. Embora Sutcliffe tenha voltado a Liverpool em fevereiro do ano seguinte, para visitar amigos e familiares, retornou novamente para o território alemão duas semanas depois.[23] Astrid mudou o corte de cabelo de Stuart e, logo, John, Paul e George adotaram penteados semelhantes, o que mais tarde se tornaria uma marca registrada da banda.[25]
Os Beatles retornaram a Hamburgo em abril de 1961, com apresentações no "Top Ten Club". Enquanto tocavam nesse local, foram recrutados pelo músico Tony Sheridan a agirem como sua banda de apoio em suas apresentações na Alemanha e numa série de gravações para a Polydor Records Alemã, produzidas pelo famoso Bert Kaempfert.[26] Paul afirmou posteriormente que o grupo chamava Sheridan de "o professor"; foram as primeiras gravações dos Beatles.[26] Mais tarde, Tony foi premiado com o disco de ouro pela vendagem acima de um milhão de cópias do LP Tony Sheridan and The Beatles.[26] Quando o grupo retornou a Liverpool, Sutcliffe permaneceu em Hamburgo, mais uma vez, com Kirchherr. McCartney assumiu as funções de Sutcliffe, na qual foi muito bem sucedido.[23][27]
Retornando a Liverpool, o grupo realizou sua primeira aparição no famoso The Cavern Club, numa terça-feira de 21 de fevereiro de 1961.[28] A banda se apresentou 292 vezes no Cavern Club entre 1961 e 1963.[29] Em 9 de novembro de 1961, Brian Epstein, dono da loja de música North End Music Store (NEMS) na Great Charlotte Street, viu o grupo pela primeira vez no clube. Intrigado com o som da banda e maravilhado com seu carisma (sobretudo o de John), Epstein decidiu empresariá-los.[30]
Em uma reunião com os Beatles na NEMS, em 10 de dezembro de 1961, Epstein propôs a ideia de gestão da banda.[31] Os Beatles assinaram um contrato de cinco anos com Epstein em 24 de janeiro de 1962 e ele se tornou o empresário oficial deles.[32] Com Brian Epstein como empresário do grupo, o primeiro passo foi mudar a imagem dos integrantes, substituindo as roupas de couro por algo mais formal.[33] Epstein conduziu a procura dos Beatles na Inglaterra em encontrar um contrato de gravação. Ele era gerente do departamento de gravações da NEMS, ramo que seu avô deixou de herança, uma loja de instrumentos musicais, discos de música, entre outras coisas. Nessa época, ele apostou no status da NEMS como uma importante distribuidora para obter acesso a empresas de gravações e a produtores executivos. O executivo Dick Rowe, da agora famosa Decca Records A&R, respondeu-lhe na época que "bandas com guitarras estão fora de moda, Sr. Epstein".[34][35]
Enquanto Epstein negociava com a Decca, ele também abordou o executivo de marketing Ron White, da EMI.[36] White, que não desempenhava a função de produtor musical na gravadora, por sua vez, contatou os produtores Norrie Paramor, Walter Ridley e Norman Newell (todos da EMI) e todos os três negaram produzirem gravações dos Beatles. Contudo, White não havia abordado o quarto produtor da EMI, e também administrador — George Martin — que estava de férias na época.[37] Os Beatles voltaram a Hamburgo a partir de 13 de abril a 31 de maio de 1962, onde fizeram uma apresentação de abertura no The Star Club.[38] Após a chegada, foram informados que Stuart Sutcliffe estava morto devido a uma hemorragia cerebral.[39]
1962: Contrato de gravação e Ringo Starr
Ainda abalados com a morte de Stuart e sem perspectivas de progresso profissional, os Beatles continuaram a fazer shows em Hamburgo e Liverpool, mas visivelmente desanimados..[40] Enquanto isso, depois de não conseguir impressionar a Decca Records, Epstein foi para a loja HMV na Rua Oxford, em Londres, e transformou os teipes que havia utilizado na Decca em um disco. Epstein conseguiu encontrar com George Martin da Parlophone (subsidiária da EMI) e levou o material. Martin, interessado no som da banda e, segundo o próprio, "considerado um produtor rebelde e independente à época",[30] aceitou uma audição.
O teste foi gravado por Ron Richards e seu engenheiro Norman Smith (que, posteriormente, deixou os trabalhos como engenheiro de som, para se tornar Hurricane Smith), que registraram quatro músicas, ouvidas posteriormente por George Martin, que não estava presente durante a gravação). Ao final, o veredicto não foi muito promissor: Richards reclamou da bateria de Pete Best[33] e George Martin achou que as canções originais não eram boas o suficiente.[41] No entanto, Martin pediu a cada um dos Beatles que dissessem se existia alguma coisa que não teriam gostado. Seguindo a linha de humor do grupo, George Harrison respondeu: "Bem, em primeiro lugar, não gostamos da sua gravata". Esse foi o ponto de virada, de acordo com Smith, na medida em que John Lennon e Paul McCartney emendaram ao comentário piadas e trocadilhos, o que fez Martin perceber que os integrantes eram espirituosos e sagazes, concluindo que a banda tinha um talento cru e muito humor, e que, musicalmente, poderia melhorar.[42] Pesou, ainda, na decisão, conforme Martin declararia posteriormente, o fato de que a EMI não tinha "nada a perder".
A banda então assinou um contrato de um ano, renovável, com a EMI.[43] A primeira sessão de gravação dos Beatles na EMI com Martin foi marcada no dia 6 de junho de 1962, no famoso Abbey Road Studios, no norte de Londres.[44] O contrato, entretanto, também não era uma maravilha: os rapazes receberiam 1 centavo a cada disco vendido, dividido pelos quatro integrantes e descontada, antes, a comissão de Brian Epstein, que era de 25% da renda bruta do conjunto. Após o lançamento de "From Me To You", George Martin sugeriu à EMI que os royalties da banda fossem dobrados, adiantando-se a qualquer reclamação judicial, o que o levou a ser visto como um "traidor na EMI".[45]
Como resultado da avaliação de Pete Best, Martin acertou que contrataria um baterista para as gravações, enquanto Brian poderia usar Pete Best nas apresentações.[33] Isso ocorreu, principalmente, pelo fato de que os fãs dos Beatles na época não poderiam suportar vê-los sem Best.[33][46] Os três membros-fundadores da banda – George, Paul e John – pediram a Brian que ele demitisse Pete Best, e foram atendidos.[47] No dia 16 de agosto de 1962, Pete chega ao escritório de Brian, e esse lhe diz: "George [Martin] não quer você no grupo", o que deixa Neil Aspinall – motorista nas excursões da banda – furioso.[33] A partir disso, o grupo começou a cogitar alguns nomes para assumir a função de baterista. Entre esses nomes, estavam o de Johnny Hutchinson, que recusou por ser amigo de Pete.[33] A grande esperança deles foi convidar Richard Starkey – conhecido como Ringo Starr – que já era baterista da famosa "Rory Storm and the Hurricanes", e que também já havia tocado com os Beatles em algumas apresentações de Hamburgo.[48] Em 19 de agosto, três dias após a demissão de Pete, Ringo, definitivamente como baterista, tocou com os Beatles no Cavern; a apresentação gerou confusão, pois o público repudiou a nova formação, e chegaram a gritar "Pete para sempre, Ringo nunca!", e "queremos Pete!"; Harrison teria sido agredido nessa apresentação.[33]
A primeira gravação dos Beatles com Lennon, McCartney, Harrison e Starr juntos aconteceu em 15 de outubro de 1962, na demonstração de uma série de gravações registradas particularmente em Hamburgo, onde atuaram simultaneamente como grupo de apoio da cantora Lu Walter.[49] Starr tocou com os Beatles em sua segunda sessão de gravação na EMI, em 4 de setembro de 1962, e Martin "alugou" o baterista Andy White – que já havia tocado com Bill Halley em 1957, apresentação a que Paul assistiu em Liverpool[50] – para tocar na próxima sessão, no dia 11 de setembro.[51] A única apresentação realizada por White foi nas canções "Love Me Do" e "P.S. I Love You", incluídas no primeiro álbum da banda.[50] Nessa sessão, produzida por Ron Richards, Ringo tocou pandeiro ou outro instrumento de percussão enquanto a função de baterista era desenvolvida por Andy.[50]
A primeira sessão dos Beatles na EMI de Londres, em 6 de junho de 1962, não rendeu uma gravação digna de lançamento, conforme pode ser ouvido em Beatles Anthology Volume 1, que trouxe duas das músicas gravadas nesta sessão. Em 4 de setembro, produziram a primeira versão de "Love Me Do", compacto que chegou à 17ª posição da parada britânica.[52]
Na mesma sessão, gravaram "How Do You Do It", por pressão de Martin, que considerou esta uma canção melhor e mais vendável do que as originais oferecidas por Lennon & McCartney, fadada ao sucesso imediato. A contragosto, gravaram a versão que foi lançada mais de 30 anos depois, em Beatles Anthology Volume 1. A previsão de Martin estava correta: Gerry & the Pacemakers gravaram uma versão da música, também produzida por Martin, que permaneceu três semanas em primeiro lugar, em abril de 1963, antes de ser desbancada por "From Me to You". Quanto à versão gravada pelos Beatles, estes objetaram e pressionaram, de maneira que o material pronto foi engavetado. Em 11 de setembro de 1962, os Beatles regravaram "Love Me Do", desta vez com o baterista de estúdio, Andy White, enquanto Ringo Starr participava tocando pandeiro e maracas. Devido a um erro do arquivo de fitas da EMI, a versão gravada em 4 de setembro, com Starr tocando bateria, foi incluída no single, tendo como lado B a música "P.S. I Love You". Depois disso, depois a fita foi descartada e a gravação de 11 de setembro, com Andy White na bateria, além de integrar o primeiro LP dos Beatles, Please Please Me, passou a ser utilizada como padrão para todas as versões posteriores.[53]
1962–63: Fama no Reino Unido
Em 26 de novembro de 1962, a banda gravou seu segundo single, "Please Please Me" (não confundir com o álbum homônimo), que atingiu o primeiro lugar na Inglaterra no início de 1963. Com o lançamento da canção "Love Me Do" em outubro de 1962, os Beatles apareceram pela primeira vez na televisão, no programa People and Places, transmitida ao vivo em Manchester, na TV Granada, em 17 de outubro de 1962.[54][55] A crescente histeria que a banda começou a criar nesta época, principalmente em jovens do sexo feminino, ficou conhecida como "Beatlemania". [carece de fontes]
Em 4 de novembro de 1963, os Beatles apresentaram-se no Royal Variety Performance, em Londres, na presença da família real britânica e, consequentemente, da rainha Isabel II do Reino Unido.[25] Nessa apresentação, John falou: "Para a próxima música vamos pedir ajuda da plateia. As pessoas que estão nos lugares baratos, aplaudam. O resto pode chacoalhar as joias"[25]. Mais tarde, gravaram seu segundo álbum, With the Beatles, que acabou com a hegemonia de trinta semanas de "Please Please Me" no primeiro lugar das paradas britânicas.[25]
A banda também começou a ser notada por críticos musicais sérios. Em 23 de dezembro de 1963, o crítico musical William Mann, do The Times, publicou uma resenha descrevendo algumas teorias musicais a respeito de canções como "Till There Was You" e "I Want to Hold Your Hand".[56] A respeito do álbum With the Beatles, Mann, em 27 de dezembro de 1963, destacou a estrutura harmônica da canção "Not a Second Time", como sendo "também típica nas canções de andamento mais rápido dos Beatles, e ficamos com a impressão que pensam simultaneamente em harmonia e melodia, tal a firmeza com que as sétimas e nonas maiores e sobredominantes estão incorporadas nas canções, tal a naturalidade da cadência eólicas no fim de Not a Second Time (a sequência que conclui a Das Lied von der Erde, de Gustav Mahler)".[57] Contudo, os Beatles não tinham conhecimento profundo de teoria musical na época e a resenha de Mann transformou-se em parte do mito da banda, principalmente pelo termo "cadências eólicas" que Lennon, em 1980, comentou: "Até hoje não sei o que elas são. Parecem aves exóticas."[57]
1963–64: Sucesso americano
Embora a banda experimentasse uma popularidade enorme nas paradas britânicas no início de 1963, a gravadora norte-americana Capitol Records, subsidiária da EMI (a que o grupo estava contratado), negou produzir os compactos "Please Please Me" e "From Me to You", primeiro sucesso do grupo que alcançou primeiro lugar no Reino Unido.[58] Se a produção acontecesse de primeiro momento, o grupo inglês arriscaria, na mesma época, sucesso nos Estados Unidos. A Vee-Jay Records, uma pequena gravadora de Chicago, Estados Unidos, lançou esses singles como parte de um negócio para os direitos de outro intérprete. Art Roberts, diretor musical da estação de rádio World's Largest Store (WLS) de Chicago, incluiu "Please Please Me" na rádio em fevereiro de 1963, provavelmente a primeira vez em que foi ouvida uma canção dos Beatles no território americano, embora isso seja discutido; os direitos do Vee-Jay aos Beatles foram cancelados mais tarde por não-pagamento de royalty.[59][60]
I Want to Hold Your Hand Amostra do single "I Want to Hold Your Hand" (1963), que ajudou a cimentar o sucesso internacional da banda. Atingiu uma popularidade enorme nos Estados Unidos poucas semanas antes da estreia da banda no país. | |
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Em agosto de 1963, a Swan Records lançou "She Loves You", que também não foi executada nas rádios. Em 3 de janeiro de 1964, Jack Paar mostrou em seu programa uma apresentação de "She Loves You" gravada ao vivo na Inglaterra: foi a primeira aparição dos Beatles na televisão americana. Embora tivessem feito sucesso rapidamente na Inglaterra e sido igualmente bem-sucedidos em alguns países europeus, os Beatles ainda não tinham conquistado o mercado norte-americano. Pensando em conquistar os Estados Unidos, Brian Epstein, no começo de novembro de 1963, procurou o presidente da gravadora Capitol Records para lançar um single com a canção "I Want To Hold Your Hand", e conseguiu firmar um contrato com um popular apresentador de televisão americano, Ed Sullivan, para que os Beatles fossem até lá se apresentar em seu programa. Antes da Capitol, como já foi citado, algumas gravadoras já haviam lançado discos dos Beatles naquele país, como a Vee-Jay e a Swan, mas nenhum sucesso tinha sido obtido. Embora não houvesse grandes expectativas pela Capitol em relação aos Beatles, a CBS (canal de televisão americano) apresentou um documentário de cinco minutos sobre o fenômeno da beatlemania na Inglaterra, no programa CBS Evening News. A primeira demonstração desse pequeno documentário seria mostrada de manhã no CBS Morning News em 22 de novembro e uma reprise passaria na tarde do mesmo dia no CBS Evening News, mas a transmissão foi cancelada por conta do assassinato de John F. Kennedy naquele dia. [carece de fontes]
Diversas estações de rádio nova-iorquinas já começavam a tocar "I Want to Hold Your Hand" na sua programação. A resposta positiva para a gravação que havia começado em Washington duplicou em Nova Iorque e rapidamente se espalhou a outros mercados. A gravação vendeu um milhão de cópias em apenas dez dias, e a revista Cashbox certificou-a como número um. Era o momento de os Beatles irem aos Estados Unidos.[carece de fontes]
No começo de 1964, a Capitol decidiu fazer valer a pena os direitos que detinha do grupo nos Estados Unidos para coincidir com a primeira excursão da banda à América. Brian Epstein foi um dos grandes responsáveis pela data marcante. Indo a Nova Iorque, elaborou com a Capitol uma mídia enorme: foram colocados seis milhões de cartazes pelas ruas dos Estados Unidos com mensagens do tipo "Os Beatles Vem Aí"; todos os discotecários das rádios receberam discos dos Beatles; e foram distribuídos um milhão de jornais com quatro páginas contando a carreira do grupo.[25] Essa elaboração de expectativa de que um grande grupo estaria chegando foi a mais importante viagem na carreira dos quatro integrantes.
1964-66: A Beatlemania atravessa o Atlântico
Em 7 de fevereiro de 1964, uma multidão de quatro mil fãs ingleses no Aeroporto Heathrow acenou para os "garotos de Liverpool", que partiam pela primeira vez aos Estados Unidos como um grupo.[61] Estavam acompanhados por fotógrafos, jornalistas (incluindo Maureen Cleave, que realizou entrevistas com diversas personalidades famosas), e pelo produtor musical Phil Spector, que tinha se registrado no mesmo voo.[62] Quando o voo 101 da PanAm tocou o solo do recém-nomeado Aeroporto JFK em Nova Iorque, às 13h20 da tarde do dia 7 de fevereiro de 1964, uma grande multidão de pessoas se aglomerou no local.[63] Os Beatles foram saudados por cerca de três mil pessoas (estima-se que o aeroporto nunca tenha experimentado tal número).[64] Após uma coletiva de imprensa, os Beatles partiram em limusines para Nova Iorque. No caminho, McCartney ouviu o seguinte comentário corrente numa rádio local: "Eles [The Beatles] acabaram de deixar o aeroporto e estão próximos a Nova Iorque…"[65] Quando alcançaram o Plaza Hotel, foram recepcionados por diversos fãs – a maioria garotas – e repórteres. Harrison teve uma febre de 39 ℃ no dia seguinte e teve que permanecer em repouso, de modo que Neil Aspinall o substituiu no primeiro ensaio da banda para a aparição deles no The Ed Sullivan Show.[66] A persuasão de Epstein havia dado certo.[g]
Os Beatles fizeram sua primeira aparição ao vivo na televisão americana no The Ed Sullivan Show, em 9 de fevereiro de 1964.[67][h] Aproximadamente 74 milhões de telespectadores – cerca da metade da população americana – assistiu ao grupo tocar no programa.[68] Na manhã seguinte, muitos jornais escreveram que The Beatles não era nada mais do que uma "moda passageira",[i] e que não levariam sua música por todo o Atlântico.[69] Em 11 de fevereiro de 1964, fizeram seu primeiro show ao vivo nos Estados Unidos, no Washington Coliseum, em Washington, D.C.. Se a apresentação no London Palladium é considerada como o início da histeria em torno dos Beatles na Inglaterra, nos Estados Unidos esta beatlemania tomou proporções ainda maiores desde a primeira ida do conjunto a terras estadunidenses.[carece de fontes]
Acredita-se que essa primeira visita dos Beatles aos Estados Unidos é um dos momentos fundamentais da história da banda e, mais amplamente, do rock mundial.[63] A importância dessa visita é analisada por diversos ângulos através de muitos fatores, como o fato de que, desde a década de 1960, os Estados Unidos já eram o maior mercado consumidor de discos do mundo; para Epstein e para o grupo, seria um prestígio começar a ser conhecido e bem vendido por lá, como era e ainda é natural nos dias de hoje.[70] O sucesso de diversas bandas inglesas e europeias – U2, Oasis, Cranberries – é tido como resultado em grande parte devido à carreira dos Beatles e, particularmente, à sua estadia nos Estados Unidos.[63]
Depois do sucesso de 1964, as gravadoras Vee-Jay e Swan aproveitaram os direitos que detinham das primeiras gravações do grupo e decidiram reeditá-las; todas as canções atingiram o top 10 desta vez (a MGM e a Atco também garantiram os direitos das primeiras gravações dos Beatles com o já citado Tony Sheridan e também tiveram hits menores, como "My Bonnie Lies over the Ocean" e "Ain't She Sweet", esta última com a voz de Lennon). Além de Introducing… The Beatles, primeiro LP da banda no mercado americano,[j][71] a Vee-Jay também editou, em 1 de outubro de 1964, o The Beatles Versus The Four Seasons, um relançamento duplo do Introducing… The Beatles com outra capa, sendo que o lado B continha canções do grupo americano The Four Seasons.[71] Através da sofreguidão da Vee-Jay em faturar em cima da recém-iniciada beatlemania na América, lançou-se outros discos, como o Songs, pictures and stories of the fabulous Beatles, que foi lançado duas semanas após o disco duplo com The Four Seasons, e que nada mais era do que o quarto reingresso de Introducing The Beatles no mercado americano. "I Saw Her Standing There" foi editada como o lado B do disco da América "I Want to Hold Your Hand", e também foi incluída no álbum Meet The Beatles, da Capitol. As faixas "She Loves You" e "I'll Get You" da Swan foram editadas em 10 de abril de 1964, no LP The Beatles' Second Album, da Capitol. O Second Album vendeu 250 mil cópias no primeiro dia de lançamento nos Estados Unidos.[71] A Swan também editou uma versão alemã da "febre" "She Loves You", chamada "Sie Liebt Dich" e que está presente em estéreo no álbum Rarities, da Capitol.[carece de fontes]
Em meados de 1964 a banda, em todo seu auge, iniciou suas primeiras aparições fora da Europa e da América do Norte, viajando para a Austrália, Escandinávia e Holanda; Ringo foi vítima de uma faringite e, hospitalizado, não pode partir para o primeiro destino deles, o território australiano. Starr foi substituído temporariamente pelo baterista Jimmy Nicol, a convite de George Martin que, inclusive, estava lucrando juntamente com a banda desde o primeiro momento em que assinaram contrato na distante Liverpool. A estranha reação do público diante de uma figura diferente assumindo a bateria durou pouco, pois Ringo regressou e eles partiram para a Nova Zelândia em 21 de junho de 1964.[72] Antes da volta do baterista, em Adelaide, Austrália Meridional, os Beatles foram recepcionados por cerca de trezentas mil pessoas no Adelaide Town Hall (isso evidencia o estrondo que a banda já vinha fazendo por diversos países).[73]
Em 6 de junho de 1964, o filme que se tornaria um clássico cult, sendo considerado por alguns como o grande precursor da ideia dos vídeos musicais[74] – A Hard Day's Night (Os Reis do Iê, Iê, Iê no Brasil) – foi lançado no Reino Unido, sendo o primeiro a estrelar a banda. Dirigido por Richard Lester, o filme é sobre os quatro membros que tentam, em território londrino, tocar em um programa de televisão. Lançado no auge da beatlemania, inclusive focando-a na maior parte das cenas, embora sem transformá-las em um documentário, o filme foi bem recebido pela crítica e continua a ser um dos mais influentes no que se diz respeito à música.[75][76] Em paralelo, o álbum A Hard Day's Night, lançado no mesmo ano, foi o primeiro do grupo a trazer só composições de Lennon/McCartney e serviu como trilha sonora para o filme. Em novembro, lançaram o compacto "I Feel Fine" e no mês seguinte o grupo lançou seu quarto álbum: Beatles for Sale.[carece de fontes]
Em junho de 1965, Sua Majestade Elizabeth II do Reino Unido condecorou os Beatles como Membros da Ordem do Império Britânico[77][78], sendo nomeados pelo primeiro-ministro Harold Wilson, que também havia sido deputado em Huyton, Liverpool.[79] A nomeação estimulou alguns conservadores do MBE – primeiramente militares veteranos e líderes cívicos – a devolverem suas próprias insignias como protesto.[80] Em julho do mesmo ano, o segundo filme estrelando os Beatles, Help!, foi lançado. O filme acompanhou o lançamento do álbum homônimo, que serviu como trilha sonora. Em 15 de agosto de 1965, os Beatles fizeram o primeiro show da história do rock and roll num estádio aberto, ao se apresentarem no estádio de beisebol Shea Stadium, Nova Iorque, para uma multidão formada por 55.600 pessoas.[81] O evento obteve uma grande notoriedade e contou com os requintes de mídia disponíveis à época, e a disposição de Epstein era fazer um evento grandioso, digno de filmagens e especiais de televisão nos Estados Unidos e Inglaterra.[82] Chamados ao palco pelo já conhecido Ed Sullivan, o quarteto ampliou ainda mais seu sucesso nacional e internacional e o evento é tido como precursor: Cláudio Teran, articulista da Internet sobre os Beatles, diz o seguinte num texto sobre a data: "Sempre que um garoto for a um estádio de futebol ou beisebol para assistir ao show de uma grande banda de rock and roll, precisará saber que aquilo um dia começou com a ousadia dos Beatles em encarar um desafio que modificaria para sempre até o padrão técnico de sonorização de grandes ambientes pelo mundo afora."[83] Quanto à ousadia e à técnica de sonorização, Teran quer dizer sobre o fato de que os conjuntos de equipamentos que seriam necessários para o concerto acontecer e para a mídia filmar eram muito pesados e exigiriam grande esforço.[82] Além disso, o sistema de iluminação, assim como o de áudio, favorecia menos facilidade do que os de hoje em dia; no entanto, as imagens que se tem registradas foram bem realizadas.[82]
O sexto álbum da banda, Rubber Soul, lançado no começo de dezembro de 1965, foi recepcionado como um grande salto do grupo para a complexidade e maturidade em sua estrutura musical,[84] por conter em suas canções letras e melodias mais elaboradas.[85] O lançamento dos compactos "Day Tripper" e "We Can Work It Out" juntamente com o sexto álbum repetiram o sucesso grandioso que o grupo mantinha desde 1963: foram aos primeiros lugares nas paradas britânicas e americanas; segundo estimativas, venderam cinco milhões do álbum e quatro milhões do compacto.[85]
1966: Mudanças e controvérsias
Norwegian Wood (This Bird Has Flown) Amostra de "Norwegian Wood (This Bird Has Flown)" do álbum "Rubber Soul" (1965). Com a utilização de uma sitar nessa música a banda "começa a expandir os parâmetros convencionais dos instrumentos de um grupo de rock". | |
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O ano de 1966 é visto como aquele em que a banda assumiu sua nova atuação, que seria mantida até a separação do grupo, em 1970.[85] Nessa época, o mundo já não era mais o mesmo e os Beatles fizeram parte dessa mudança. Entre os acontecimentos mais destacados, estão a recepção dos anglicanos frente ao Papa em Roma, a liderança de Martin Luther King na marcha pelos direitos civis nos Estados Unidos, e o bombardeio da Força Aérea Americana em Hanói, capital do Vietnam do Norte.[85] Pelo outro lado do planeta, a ciência se desenvolvia na chegada da espaçonave soviética a Vênus (primeira nave terrestre a pousar noutro planeta) e, na China, a proclamação da "Revolução Cultural", que promoveu expurgos e perseguiu intelectuais.[85] Há 50 anos, essa agitação pelo mundo não se apresentou de forma menor nos quatro membros dos Beatles: Lennon, McCartney, Harrison e Starr.[carece de fontes]
Férias, casamento e prêmios: Nos três primeiros meses de 1966 a banda tirou férias, após desistirem da ideia de lançar um novo filme em cima de A Talent For Loving, cujo roteiro seria de Richard Condon.[85] Nesses meses, tiveram encontros em festas com os músicos Mick Jagger e Brian Jones dos Rolling Stones, e compareceram na estreia do filme Alfie, cuja estrela era Jane Asher, namorada, na época, de Paul.[85] John e Ringo não compareceram ao casamento de George em 21 de janeiro porque viajavam para fins de semana no Caribe e na Suíça; George e a modelo Patricia Anne Boyd embarcaram para uma lua de mel em Barbados, nas Bahamas.[85] Enquanto isso, os Beatles obtiveram naquele ano dez indicações ao Grammy e, embora existissem restrições do regime político na Polônia, as canções da banda começavam a ingressar intensamente nas rádios daquele país.[85]
Entrevista com Cleave, e a "Capa do Açougue": Em março, os Beatles foram convidados a uma entrevista com a jornalista Maureen Cleave, do jornal britânico "London Evening Standart". Nesta entrevista, John declarou com tom crítico a seguinte frase: "O cristianismo vai acabar. Vai se dissipar e depois sucumbir. Nem preciso discutir isso. Estou certo, e o tempo vai provar. Atualmente somos mais populares que Jesus Cristo".[85] A declaração não causou nenhuma polêmica na Inglaterra. Depois, a banda posou para uma sessão com o fotógrafo Bob Whitaker, que produziu fotos com matizes surrealistas. Uma dessas fotografias foi utilizada na capa do próximo álbum Yesterday and Today, que ficou cinco semanas em primeiro lugar vendendo um milhão e meio de discos[85] e só editado nos Estados Unidos, onde o quarteto está vestido com jalecos brancos e segura bonecas despedaçadas junto a pedaços de carne. O disco, referido frequentemente como "a capa do açougue" gerou polêmica nos Estados Unidos: algumas pessoas atribuíram à foto uma mensagem cifrada ou algo contra a Guerra do Vietnam, outros acharam que era uma crítica ao desmembramento dos álbuns originais dos Beatles na América.[85] A Capitol recolheu os discos e substituiu as 750 mil capas prensadas.[carece de fontes]
Após estes problemas com a "capa do açougue", o grupo iniciou sua turnê mundial de 1966 por cinco países, entre eles Alemanha, Japão, Filipinas, Estados Unidos e Canadá.[k]
Humilhação nas Filipinas e prêmios na Inglaterra: Embora as Filipinas estivessem sob a ditadura de Ferdinando Marcos, na capital Manilha os Beatles foram recepcionados por cinquenta mil fãs que se aglomeraram no aeroporto. A polícia filipina os separaram de Epstein e apreendeu sua bagagem, que continha maconha: isto provocou problemas com as autoridades locais.[85] Epstein controlou a situação e, no dia seguinte, deram dois concertos no estádio superlotado Rizal Memorial Football Stadium. Após as apresentações, a primeira-dama Imelda Marcos organizou uma recepção no palácio presidencial para trezentos filhos de oficiais da alta patente do exército daquele país e gostaria de apresentá-los ao grupo.[86] O não comparecimento à recepção promoveu consequências inesquecíveis. No dia seguinte, jornais filipinos traziam manchetes com expressões do tipo "Imelda plantada" (The Manila Times), destacando que os Beatles haviam esnobado a primeira-dama.[87] Por causa desses acontecimentos, Epstein tentou esclarecer o mal-entendido numa coletiva, mas a transmissão sofreu interrupções técnicas. Starr lembraria anos mais tarde que o tratamento dos empregados no hotel tornaram-se mais frios depois do ocorrido e que havia ameaças de bombardeios onde os Beatles estavam hospedados.[87] O grupo foi abordado pelo responsável do Escritório de Rendas Internas que disse que os Beatles não deixariam o país até pagarem os impostos que não haviam dado desde a chegada; Epstein pagou dezoito mil dólares.[87] Os quatro membros fizeram a pé a caminhada até o avião e aproximadamente trezentos pessoas aguardavam a banda no aeroporto; na despedida, foram cuspidos, empurrados e agredidos; a renda que conseguiram nos dois concertos foi confiscada; após quarenta minutos de confusão, decolaram.[88]
De volta a Inglaterra, eufórica pela conquista da Copa do Mundo de Futebol de 1966, o grupo presenciou boas notícias, como os três troféus Ivor Novello – premiação máxima da música britânica – que receberam por "We Can Work It Out" e "Help!" como primeiro e segundo compacto mais vendido na Inglaterra em 1965, e por "Yesterday" como a canção mais executada do ano. Artistas como Connie Francis, Johnny Mathis, Bob Goldsboro, Cliff Richard, David McCallum, as duplas Jan and Dean e Peter and Gordon interpretavam diversas canções da dupla Lennon/McCartney. Contudo, as notícias da América eram preocupantes.[carece de fontes]
Presley, Dylan e o "Somos mais populares que Jesus Cristo": A revista DateBook divulgava a entrevista que Lennon concedeu a Cleave destacando a frase "Somos mais populares que Jesus".[89] Fundamentalistas cristãos se indignaram com a frase de Lennon e protestaram. Uma rádio em Birmingham, Alabama, organizou um boicote a execução das canções dos Beatles, e um ato em que os discos da banda foram queimados publicamente em uma fogueira. Rapidamente diversas estações de rádio americanas recusavam-se a tocar canções dos Beatles em suas programações e, na África do Sul, houve o banimento de canções do grupo em suas estações de rádio por cinco anos. Houve inclusive a manifestação do Papa Paulo VI e do governo fascista de Francisco Franco, da Espanha, que criticaram a postura de Lennon.[90] John depois pediu desculpas publicamente pela afirmação e foi perdoado pelo papa Bento XVI em 2008.[91][92]
Elvis Presley desaprovou o ativismo antiguerra e a legalização das drogas que os Beatles vinham afirmando e mais tarde pediu ao então presidente Richard Nixon que ele proibisse a entrada dos quatro membros nos Estados Unidos.[93] Peter Guralnick escreve que "Os Beatles, segundo Elvis, […] eram antiamericanos. Eles vinham para os Estados Unidos, faziam fortuna, e voltavam para a Inglaterra. E diziam coisas antiamericanas quando se encontravam por lá."[94] Guralnick adiciona: "Elvis acreditava que os Beatles lançaram bases para muitos dos problemas que estávamos tendo com os jovens e suas aparências imundas, bases essas encontradas na música sugestiva deles que ao mesmo tempo divertia o país durante o início dos anos 1960 e meados."[95] Apesar das observações de Presley, em geral os Beatles o admiravam; Lennon, por exemplo, tinha sentimentos positivos para com ele: "Antes de Elvis, nada existia."[96] Em contraste, o renomado cantor folk Bob Dylan reconhecia a contribuição dos Beatles, e afirmou: "A América deve construir estátuas dos Beatles. Eles ajudaram a trazer de volta o orgulho do país."[97]
1966–69: Anos de estúdio e espiritualidade
Mais maduros, musical e pessoalmente, os Beatles dedicaram-se à gravação do álbum psicodélico Revolver, em que, em cada gravador – num total cinco equipamentos pesados que haviam sido levados ao estúdio 3 da Abbey Road Studios – um técnico operava e o outro segurava com um lápis a extremidade de laço feito pelas pontas das fitas emendadas; o resultado foi uma mistura de rock psicodélico, balada, R&B, soul e world music. Os Beatles haviam realizado seu último concerto no Monster Park, São Francisco, em 29 de agosto de 1966.[98]Este foi o último concerto da banda no qual o público pagava ingresso. Sua última apresentação foi nos telhados da Apple, no qual o público não pagou nada; leia sobre na próxima sub-seção. A partir de então, a banda concentrou-se apenas em gravações. Foram os momentos mais criativos do grupo. Menos de sete meses após o Revolver, os Beatles voltaram ao Abbey Road em 24 de novembro para começar a produzir seu oitavo e mais aclamado álbum,[99]Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, que os ocupou durante 129 sessões e foi lançado em 1 de junho de 1967.[100] O álbum os popularizou ainda mais.
Outro feito que popularizou o grupo – que caminhava rumo ao seu final – surgiu em um segmento no programa Our World, o primeiro programa do mundo ao vivo a transmitir, via satélite, imagens para o mundo inteiro. Os Beatles foram transmitidos diretamente do Abbey Road Studios e a nova canção, "All You Need Is Love", escrita por Lennon, foi gravada ao vivo durante a apresentação, embora eles tivessem preparado antecipadamente – num período de cinco dias – as gravações e a mixagem antes da transmissão.[101] A canção trazia uma mensagem de paz nos tempos da Guerra do Vietnã. Os Beatles convidaram vários amigos para participarem do evento, cantando o coro da canção – Mick Jagger, Eric Clapton, Marianne Faithfull, Keith Moon e Graham Nash. O programa foi visto por cerca de 350 milhões de pessoas em 26 países. [carece de fontes]
Eleanor Rigby Amostra de "Eleanor Rigby" do álbum Revolver (1966). O álbum inclui abordagens inovadoras de composição, arranjos e técnicas de gravação. Esta canção contém proeminentemente sequências clássicas, como parte de um estilo novo musical. | |
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Strawberry Fields Forever Amostra de "Strawberry Fields Forever" (1967), gravado durante as sessões de Sgt. Pepper. Logo depois de ouvir esta canção de rock psicadélico, o líder dos Beach Boys, Brian Wilson, abandonou a sua tentativa de competir com a banda.[102] | |
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Em novembro e dezembro de 1966, e até janeiro de 1967, os Beatles gravaram dois compactos durante as sessões do Sgt. Pepper: "Strawberry Fields Forever" e "Penny Lane", mas elas acabaram não entrando no álbum. A "Strawberry…", escrita por Lennon, – embora creditada à Lennon/McCartney – diz respeito a um orfanato patrocinado pelo Exército de Salvação Inglês, chamado "Strawberry Field Children's home", que se localizava perto da casa de John em Woolton, Liverpool, número 25 da Avenida Beaconsfield, e onde ele pulava o muro e brincava durante a infância no espaço arborizado, com os amigos Pete Shotton, Nigel Whalley, e Ivan Vaughan.[103] Ele começou a escrevê-la em finais de 1966, em Almeria, Espanha, durante as filmagens de How I Won the War, de Richard Lester, o mesmo diretor de A Hard Day's Night.[104] A Tia Mimi sempre levava John a festivais de verão que aconteciam no orfanato de Strawberry Field.[105] O orfanato original, construído nos anos 1950, acabou sendo demolido e, depois, reconstruído: o que sobrou do original foi o portão vermelho de aço, ponto bem famoso de Liverpool.[105] Além dos festivais de verão continuarem acontecendo anualmente, em 1984 Yoko Ono e Sean Lennon visitaram o local e desde então contribuem para sua melhoria.[105] Tecnicamente, a estrutura desta canção é escrita com uma chave de Si bemol maior. Ela começa com uma introdução de mellotron – escrita e desempenhada por McCartney – e depois continua no refrão. Depois de um curto silêncio dos instrumentos, a canção volta para "tenebrosos" sons distintos com notas dissonantes, espalhadas com a bateria, e depois Lennon diz: "cranberry sauce", ou seja, doce de oxicoco.[106] Nessa mesma canção, John diz: "Eu enterrei Paul" e a canção foi incluída na lista de itens que reúnem fatos onde os Beatles queriam mostrar que Paul estava morto e que outro cantor o substituía.[107][108] (Para mais informações, veja Boato da morte de Paul McCartney.) A recepção da canção foi satisfatória: atingiu o oitavo lugar na parada dos Estados Unidos, onde numerosos críticos a consideraram a melhor canção do grupo e, em 2004, foi posta em 74ª na Lista dos 500 Maiores Sons de Todos os Tempos, da Rolling Stone americana.[109]
Em contraste com "Strawberry…", em que Lennon inspirou-se em recordações do passado, "Penny Lane", escrita por Paul – embora igualmente creditada à Lennon/McCartney –, que traz melodia e ritmo menos "tenebrosos" que a anterior, também faz menção à recordações de McCartney: o cruzamento de cinco ruas formando uma rótula de trânsito – roundabout, como dizem os ingleses – em Liverpool, chamado "Penny Lane Roundabout", é uma área, hoje muito famosa por causa da canção, onde John e George nasceram perto e, consecutivamente, a qual os Beatles frequentavam muito.[110] A primeira mulher de John, Cynthia Lennon, tinha um apartamento em Penny Lane e trabalhava na loja Woolworth, a uma quadra dali.[110] Durante muito tempo, quase diariamente, a prefeitura local precisava trocar as placas da rua, pois, por virar ponto turístico, os fãs da banda a retiravam e levavam consigo ou, em outros casos, rabiscavam; agora as placas de Penny Lane foram abolidas e o nome passou a ser pintado diretamente nas paredes dos prédios da rua.[110] Na letra da canção, é como se Paul fosse o guia-turístico de uma excursão para o local: ele refere-se, por exemplo, a um "barbeiro mostrando fotografias de cada cabeça que teve o prazer de conhecer" – há um edifício branco numa das esquinas da rua, chamado Tony Slavin, que era o local onde Mr. Bioletti, o barbeiro, trabalhava e onde a barbearia funcionava – e a outros pontos da cidade; Paul diz na canção: "Penny Lane está em meus ouvidos e em meus olhos". Ao contrário do vídeo promocional de "Strawberry…", o qual o grupo gravou em outro local que não o orfanato, o vídeo musical de "Penny Lane" foi filmado na própria Penny Lane. Entre os instrumentos usados no som, destacam-se a conga, o flautim e os pianos, ao todo quatro. A canção também obteve uma recepção satisfatória: alcançou o primeiro lugar na Billboard Hot 100 por uma semana e, em 2004, foi incluída pela Rolling Stone americana na Lista dos 500 Maiores Sons de Todos os Tempos, permanecendo em 449ª lugar.[carece de fontes]
Em 24 de agosto de 1967, os Beatles encontraram-se com o Maharishi Mahesh Yogi no Hotel Hilton de Londres. Poucos dias depois, foram para Bangor, norte do País de Gales, para assistirem uma conferência "inicial" de fim de semana. Lá, o Maharishi deu a cada um deles um mantra.[111][112] Embora estivessem em Bangor, os Beatles ficaram sabendo que Brian Epstein, o empresário da banda, aquele cujo nome foi muito responsável pelo sucesso do grupo, estava morto, aos 32 anos, em decorrência de, segundo o laudo, "morte acidental por overdose de Carbitol", medicamento para insônia. Em finais de 1967, receberam sua grande primeira crítica da imprensa britânica, crítica esta que era um conjunto de opiniões depreciativas sobre o filme de televisão psicodélico Magical Mistery Tour.[113] A trilha sonora de Magical Mistery Tour foi lançada no Reino Unido em um EP duplo, e nos Estados Unidos em um LP completo (atualmente, a versão oficial é esse LP).[carece de fontes]
While My Guitar Gently Weeps "While My Guitar Gently Weeps" retirada do álbum The Beatles (1968). Uma balada de rock, entre outras canções de uma variedade de outros géneros no álbum. Helter Skelter "Helter Skelter" do álbum The Beatles (1968). As faixas deste álbum variam de estilos desde a composição musique concrète de "Revolution 9" para o ruído "proto-metal" desta música. | |
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Os quatro músicos passaram os primeiros meses de 1968 em Rishikesh, Uttar Pradesh, na Índia, estudando meditação transcendental com o Maharishi Mahesh Yogi.[114] O ashram de Mahesh Yogi inspirou a criatividade do quarteto e em virtude de sua estadia nele, produziram algumas canções com referências à espiritualidade que a Índia tanto afirmava; canções estas que podem ser encontradas no White Album e em Abbey Road com composições de Lennon, McCartney e Harrison.[114] Regressando, John Lennon e Paul foram para Nova Iorque anunciar a formação da Apple Records, uma corporação multimédia fundada em janeiro de 1968 pela banda com o intuito de substituir a sua empresa anterior (Beatles Ltd.), e de modo a formar um conglomerado.[115] Em meados de 1968 a banda manteve-se ocupada no processo de gravação do álbum duplo The Beatles, conhecido popularmente como "Álbum Branco" por conta da capa ter cobertura branca. Essas sessões foram o cenário de desentendimentos entre os integrantes, com Starr deixando temporariamente a banda. Sem Starr, Paul assumiu a bateria e instrumentos de percussão nas faixas "Martha My Dear", "Wild Honey Pie", "Dear Prudence" e "Back in the USSR". As dissensões tiveram diversos motivos, sempre muito debatidos: a excessiva presença da nova namorada de Lennon, Yoko Ono, nas gravações; a arrogância de McCartney, que passava a querer ser o líder do grupo; ficou ainda mais difícil o grupo aceitar novas canções de Harrison para serem incluídas em seus álbuns.[116]
Com a morte de Epstein, o grupo necessitava de um novo empresário: em relação ao lado empresarial, Lennon, Harrison e Starr queriam o gerente nova-iorquino Allen Klein para gerir os Beatles, mas McCartney queria o empresário Lee Eastman, pelo fato de ele ser o pai da então namorada e futura esposa de Paul, Linda. Os outros três membros viam em Eastman um empresário que colocaria os interesses de Paul antes das do grupo (durante uma entrevista no Anthology, McCartney disse: "Olhando para trás, posso entender porque eles sentiam que Eastman tinha interesses tendenciosos a mim e contra eles.") Em 1971, descobriu-se que Klein, que havia sido nomeado gestor, roubou cinco milhões de libras esterlinas das explorações dos Beatles.[carece de fontes]
Retomando: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
Retomando à época de criação do Sgt. Pepper's…, como é comumente tratado, "foi um momento decisivo na história da civilização ocidental", segundo a descrição de um crítico do The Times.[117] Dois dias depois do lançamento do disco, em 3 de junho de 1967, Jimi Hendrix já tocava a faixa-título em seus concertos, o que deixou McCartney particularmente emocionado.[100][117] Além de ter sido o primeiro álbum de rock a ganhar os Grammys de "melhor álbum do ano", "melhor álbum contemporâneo", "melhor capa" e "melhor engenharia de som",[117] o Sgt. Pepper's…, quando colocado no mercado, bateu todos os recordes de venda: vendeu um quarto de milhão de exemplares na Grã-Bretanha (somente na primeira semana), permaneceu durante quase meio ano consecutivo no primeiro lugar do topo de vendas – feito praticamente impensável hoje em dia – e é tido como vanguardista, tanto pela música quanto pela originalidade da capa que, inclusive, inspirou artistas do mundo inteiro.[100] McCartney é tido como o responsável pela ideia da capa.[118] Ele havia esboçado um desenho em que uma multidão assistia à banda Sgt. Pepper e recebia do prefeito uma copa ou troféu. Robert Frazer, comerciante de arte e conhecido do grupo, levou Paul a conhecer Peter Blake, um dos artistas pioneiros e fundadores da Pop Art; Blake desenhou toda a capa, adicionando pessoas influentes de todo o mundo – escolhidas por Lennon, Harrison, Starr e, claro, Paul – caracterizadas como bonecos de papelão, sem contar os bonecos de cera dos Beatles.[118]
1969-70: Último concerto e fim
Em janeiro de 1969, os Beatles iniciaram um projeto cinematográfico que documentaria a realização de sua próxima gravação, originalmente intitulado Get Back. Durante as sessões de gravação, a banda realizou sua última apresentação ao vivo no último andar do edifício da Apple Corps, em Londres, na tarde fria de 30 de janeiro de 1969. A maior parte da apresentação foi filmada e, posteriormente, incluída no filme Let It Be. A ideia de tocar no telhado do prédio foi de Lennon. O concerto parou a rua inteira do prédio e, rapidamente, o lugar ficou lotado de pessoas; inclusive, os vizinhos da região logo espreitavam das sacadas o concerto. Os Beatles tocaram durante 40 minutos até a polícia local interferir pedindo que abaixassem o volume dos instrumentos; Mal Evans explicou que não era qualquer pessoa que estava tocando, e sim os Beatles. A apresentação terminou antes do previsto, e tornou-se famosa. Com o projeto Let It Be temporariamente suspenso, os Beatles gravaram seu penúltimo álbum, Abbey Road, no verão de 1969. A conclusão da canção "I Want You (She's So Heavy)" para o álbum em 20 de agosto de 1969 foi a última vez que o quarteto reuniu-se no mesmo estúdio. Lennon anunciou sua saída para o resto do grupo em 20 de setembro, 1969, embora tenha concordado em não anunciar isso publicamente até que determinadas questões jurídicas fossem resolvidas.[carece de fontes]
Em março de 1970, a sessão de fitas de "Get Back" foram entregues ao produtor americano Phil Spector, que tinha produzido o compacto solo de Lennon – "Instant Karma!". McCartney anunciou publicamente a dissolução em 10 de abril de 1970, uma semana antes do lançamento de seu primeiro álbum solo, McCartney.[119] As cópias de pré-lançamento incluíram um comunicado à imprensa na qual McCartney realizava uma entrevista consigo mesmo, explicando o fim dos Beatles e suas esperanças para o futuro.[120] Em 8 de maio de 1970, o álbum resultante da edição de "Get Back" produzida por Spector foi lançado com o título Let It Be, seguido pelo documentário de mesmo nome. Legalmente, a parceria dos Beatles não foi dissolvida até 1975,[121] embora Paul tenha apresentado uma ação para a dissolução em 31 de dezembro de 1970, efetivamente terminando a carreira em conjunto da banda.[122]
O motivo do fim da banda ainda é muito discutido e pode ser descrito como uma série de eventos[123] que, resumidamente, os itens abaixo pretendem desenvolver.
Morte de Epstein: Brian Epstein foi indiscutivelmente o homem mais influente no lançamento e na promoção da popularidade do grupo no mundo inteiro. Por ser o empresário da banda, ele pôde manter o grupo reunido e mediar determinados conflitos que o quarteto viesse a desenvolver entre si, mantendo-se na postura de ser a última palavra, a última decisão. Quando morreu em 1967, deixou um vazio na banda. McCartney provavelmente sentiu a situação precária e procurou iniciar projetos que estimulassem a banda. Em última instância, a discórdia sobre liderança gerencial seria um dos fatores precipitantes para a banda se dissolver.[124]
George Harrison como compositor: Nos primeiros anos, Paul e John eram os únicos compositores da banda, enquanto Ringo e George desempenhavam suas funções como baterista e guitarrista, respectivamente. No entanto, de 1965 em diante, as composições de Harrison ganharam maturidade e tornaram-se mais atraentes em suas qualidades.[125][126] Gradualmente os outros membros reconheciam seu talento como compositor,[127] mas cada vez mais George começou a se frustrar pelo fato de a maioria de suas ideias e canções ter como fim a rejeição. Isso gerou confusão e, consecutivamente, desavenças, principalmente entre Lennon e McCartney.[128]
Dificuldade em colaboração: De uma forma ou de outra, após o grupo parar de excursionar, cada um dos integrantes começou a seguir comportamentos autônomos: enquanto McCartney via interesse no estilo pop e nas tendências da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, Lennon tendia à música introspectiva e experimental, enquanto Harrison, por sua vez, estava cada vez mais entusiasmado com a música indiana.[126][129][130] Por conseguinte, Paul começou a assumir o papel de líder dos projetos artísticos dos Beatles.[131] Além de cada membro ter começado a desenvolver uma agenda cujos eventos exigiam cada vez mais individualidade – o que acabou comprometendo o grau de entusiasmo em conjunto. Outro fator que contribuiu para a fragilidade da banda foi a evidente falta de acordo já existente na época de produção do "Álbum Branco".[132]
Yoko Ono: Lennon estava em um frágil estado de espírito após o regresso da banda a partir de suas estadias na Índia, no início de 1968. Ficou ressentido e desiludido com o fato do Maharishi não ter preenchido suas expectativas. Lennon começou a desenvolver um imenso interesse por uma artista nipo-americana, Yoko Ono, que se reuniu com o músico britânico em uma de suas exposições em 1966. Tiveram uma relação platônica até a primavera de 1968. Enquanto a esposa de Lennon, Cynthia, estava de férias, ele e Yoko lançaram uma fita que mais tarde seria lançada como a famosa (e polêmica) "Unfinished Music No.1: Two Virgins". Até esse momento, os dois não estavam completamente entretidos entre si, pois o acordo da banda era que suas namoradas ou esposas não interferissem nos estúdios. Contudo, como a produção artística de Lennon cresceu sob influência de Yoko Ono, cada vez mais ele quis que ela entrasse nos processos de produção dos Beatles e, consecutivamente, ela passou a frequentar os estúdios de gravação.[133] Frequentemente, Ono comentava e dava sugestões no estúdio de gravação, o que parece ter aumentado as confusões entre ela e os três companheiros de Lennon.[134] Yoko é acusada por muitos fãs de ter "dividido os Beatles", enquanto outros argumentam que sua presença não era nenhum problema, e que os Beatles realmente se separaram pelas outras razões aqui citadas.[carece de fontes]
Situação empresarial: Outra coisa que agravou a situação da banda foi o fato de que, sem Epstein, eles procuraram empresários para geri-la, mas a tentativa desses empresários de estabelecer um controle sobre a banda The Beatles falhou. Mesmo antes disso, houve confusão entre os integrantes, pois não conseguiram entrar em acordo na escolha de um novo empresário.[carece de fontes]
A formação da Plastic Ono Band, grupo formado por Yoko e John, foi uma saída que Lennon encontrou para largar de vez os Beatles. E, verdadeiramente, a ideia de sair da banda cristalizou-se quando, em setembro de 1969, Yoko e Lennon foram recepcionados entusiasticamente como artistas no Concerto de Rock and Roll de Toronto. Lennon informou sua decisão para Allan Klein – até então empresário do grupo – e para McCartney em 20 de setembro de 1969.[135] Ironicamente, no outono do mesmo ano, a banda assinou um contrato negociando com a maior taxa de royalities. Esta foi a última demonstração de unidade do grupo, embora de natureza transitória. Outra divulgação revelou que o contrato de dissolução dos membros da banda foi até 1976 coletiva e separadamente. Assim, este contrato renegociado precipitou o final das ações legais que revogou a parceria em 1972.[124]
Apesar de seus esforços em estimular a banda, McCartney admitiu numa entrevista na revista americana Life que a banda estava desestruturada, em novembro de 1969.[136] Paul viu um conflito entre seu álbum solo, McCartney, e o projeto do álbum e do filme dos Beatles, Let It Be. "McCartney" foi lançado e a amargura de Paul por conta de alguns incidentes – por exemplo, o fato de ele ter ficado insatisfeito com determinadas atitudes dos gerentes da banda – foi um fator contribuinte para sua declaração pública de que havia saído dos Beatles.[137] No começo de 1971, McCartney abriu uma ação judicial para a dissolução da relação contratual dos Beatles e, posteriormente, foi decretado.[124]
1970-Presente: Pós-fim
I Want You (She's So Heavy) "I Want You (She's So Heavy)" do álbum Abbey Road (1969). A conclusão desta canção em 20 de Agosto de 1969 marcou a última vez que todos os quatro Beatles estiveram juntos no mesmo estúdio. | |
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Pouco antes do fim dos Beatles, um tanto tímidos, e, posteriormente, de forma definitiva, todos os quatro membros lançaram álbuns solo. Alguns destes álbuns destacaram contribuições por outros ex-Beatles; o álbum Ringo (1973), de Starr, foi o único a incluir composições e apresentações do quarteto, embora em canções separadas. Harrison mostrou sua consciência sociopolítica e ganhou respeito por sua contribuição como organizador do Concerto para Bangladesh em agosto de 1971, em Nova Iorque, com o maestro de sitar Ravi Shankar. Com exceção de uma sessão não editada em 1974 (produzida mais tarde como A Toot and a Snore in '74), Lennon e McCartney nunca mais gravaram juntos.[carece de fontes]
Como já foi citado, em 1975 expiraram-se, legalmente, os direitos que a EMI-Capitol mantinha em cima do trabalho dos Beatles. Por causa dessa expiração do contrato que os Beatles tinham com a gravadora, a Capitol americana apressou determinadas produções com o intuito de ganhar dinheiro em cima da carreira do grupo, lançando cinco LPs: Rock 'n' Roll Music (compilação de trilhas consideradas por muitos como "quintessencial" do rock), The Beatles at the Hollywood Bowl (contendo canções gravadas ao vivo no Hollywood Bowl, em Los Angeles, durante a turnê de 1964 e 1965), Love Songs (compilação de canções gravadas entre 1962 e 1970), Rarities (compilação de faixas que nunca haviam sido realizadas nos Estados Unidos) e Reel Music (compilação de faixas apresentadas em seus filmes). Houve também um não lançamento intitulado Live! at the Star-Club in Hamburg, Germany; 1962, uma gravação de uma antiga apresentação do grupo no Star Club, em Hamburgo, Alemanha, capturada em uma fita de má qualidade. De todas essas realizações póstumas, somente The Beatles at the Hollywood Bowl teve a aprovação dos quatro membros. Após o lançamento americano dos álbuns britânicos originais em 1986, todas essas compilações póstumas americanas foram suprimidas do catálogo da Capitol.[carece de fontes]
John Lennon foi morto a tiros em 8 de dezembro de 1980 por Mark David Chapman, em Nova Iorque. Em maio de 1981, George Harrison lança All Those Years Ago, compacto que fala sobre seu tempo com os Beatles e homenageia Lennon. Conta com a participação de McCartney, Ringo e Linda McCartney. Em abril de 1982, Paul lança o álbum Tug of War, que inclui uma música em tributo a John, chamada "Here Today".
Em 1988, os Beatles foram incluídos no Hall da Fama do Rock and Roll durante seu primeiro ano de eligibilidade.[138] Na noite de sua indução, George e Starr apareceram para aceitar sua adjudicação, junto com a viúva Yoko Ono Lennon e seus dois filhos. McCartney permaneceu longe, comunicando à imprensa que estava "resolvendo dificuldades" com Harrison, Starr e com as propriedades de Lennon.[carece de fontes]
Em fevereiro de 1994, os três Beatles ainda vivos se reuniram para produzirem e gravarem canções adicionais para algumas gravações que eram de Lennon. Uma dessas canções, "Free as a Bird" estreou como parte da série de documentários The Beatles Anthology e lançada como compacto em dezembro de 1995, seguida de "Real Love" em março de 1996. Essas canções também foram incluídas nas três coleções de álbuns da Anthology, lançados em 1995 e 1996, cada uma composta por dois CDs de um material inédito dos Beatles, nunca lançado antes. Klaus Voormann, que tinha conhecido os Beatles desde a excursão em Hamburgo, e que tinha anteriormente ilustrado a capa do Revolver, dirigiu a concepção da capa do Anthology. Cerca de 45 mil exemplares do Anthology 1 foram vendidos em seu primeiro dia de lançamento. Em 2000, surgiu a compilação One, contendo as 27 canções de maior sucesso da banda de 1962 a 1970. A coleção vendeu 3,6 milhões de cópias em sua primeira semana e mais de 12 milhões de euros em três semanas em todo o mundo. A coleção também chegou ao primeiro lugar nos Estados Unidos e em outros 33 países, e tinha vendido 25 milhões de cópias em 2005 (tornando-se o nono álbum mais vendido de todos os tempos).[carece de fontes]
Em finais de 1990, Harrison foi diagnosticado com câncer de pulmão e, desde então, lutou contra a doença, porém sucumbiu a ela em 29 de novembro de 2001. Em 2006, George Martin e seu filho Giles Martin remixaram algumas gravações originais dos Beatles com o objeto de criar uma trilha sonora na produção teatral do Cirque du Soleil, intitulada LOVE. Em 2007, McCartney e Starr uniram-se para uma entrevista no Larry King Live e falaram sobre seus pensamentos em relação a essa apresentação e a outros momentos da carreira de ambos; as viúvas Yoko Ono e Olivia Trinidad Arias também apareceram com os dois únicos ex-Beatles restantes em Las Vegas, para a comemoração de um ano da apresentação.[carece de fontes]
Legado
Evolução musical
Considera-se o hit She Loves You (1963), composto pela dupla Lennon/McCartney, a primeira grande revolução musical protagonizada pela banda. Se até então, o rock era composto basicamente por 3 acordes simples, batida forte, insistente e uma melodia de fácil memorização, nesta canção, são utilizados acordes dissonantes de sexta maior e sétima maior, até então, possíveis apenas no jazz: Mi menor → La Maior com 7º → Do Maior → Sol Maior (adicionando à 6º). A incorporação da dissonância ao rock, foi o primeiro grande legado do grupo à música popular do século XX.
A letra, embora romântica, foge da dicotomia "menino-menina", para a incorporação de um terceiro elemento: O protagonista, um rapaz que avisa ao amigo que a namorada o ama, e que, "com um amor assim, deveria sentir-se feliz". O uso da 3ª pessoa no discurso foi ideia de Paul. Embora simples, "She Loves You" torna-se o embrião do espírito "paz e amor", que viria a desenvolver-se na segunda metade dos anos 1960. Destaque também para o uso da expressão "Yeah", ideia de John Lennon, expressão essa que viria a tornar-se marca registrada do Rock.
A constante busca dos Beatles em criar novos sons a cada gravação, combinada com as habilidades presentes nos arranjos de George Martin e, particularmente, com os conhecimentos técnicos da equipe do estúdio da EMI - como os produtores Norman Smith, Ken Townsend e Geoff Emerick - fez com que a banda influenciasse a forma como a música passou a ser gravada em vários sentidos. No single "I Feel Fine", John Lennon realizou pela primeira vez a utilização de um feedback, como efeito de gravação. Fato que abriria um enorme campo de pesquisas na utilização de efeitos especiais com guitarra, influenciando entre outros, Jimi Hendrix. O conjunto dessas produções é apresentado em álbuns como Rubber Soul (1965), Revolver (1966) e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967).[carece de fontes]
Os Beatles continuaram a absorver influências mesmo depois de seus primeiros sucessos, encontrando frequentemente novas avenidas musicais e líricas escutando seus contemporâneos. As influências musicais incluem The Byrds e The Beach Boys, cujo álbum Pet Sounds foi um dos preferidos de McCartney.[139] George certa vez comentou que "Sem Pet Sounds, Sgt. Pepper não teria existido… Pepper foi uma tentativa de igualar Pet Sounds."[140] Outra influência da banda foi Presley, que Lennon chamou de faísca porque ele o fez se interessar pela música:
Foi Elvis quem realmente me levou a comprar discos. Eu achava seus primeiros materiais ótimos. A era de Bill Haley passou perto de mim, de certa forma, pois, quando suas gravações apareceram nas rádios, minha mãe começou a ouvi-los, mas não senti nada de especial por eles. Foi Elvis quem me fez ficar viciado no gênero de música beat. Quando ouvi seu 'Heartbreak Hotel', pensei: ‘isso é o que é’ "[141]
Utilizando técnicas de estúdio como efeitos sonoros, colocações não-convencionais de microfone e outros instrumentos, loops em teipes, técnicas de double tracking e variações de velocidade em áudios, os Beatles começaram a aumentar as gravações onde seus intrumentos eram utilizados de maneiras não convencionais e suas músicas inovaram o rock da época e das outras gerações. Isso inclui naipes de metais e corda, assim como instrumentos indianos como a cítara em "Norwegian Wood (This Bird Has Flown)" e o swarmandel em "Strawberry Fields Forever".[142] Eles também utilizaram precocemente instrumentos eletrônicos, como o mellotron junto às vozes de flauta na introdução de "Strawberry Fields Forever",[143] e o clavioline, um tipo de teclado eletrônico que criou um som não-usual em "Baby You're a Rich Man".[144]
Começando com a utilização de um quarteto de cordas em "Yesterday" (1965), os Beatles foram pioneiros no gênero art rock, exemplificado em escolhas ousadas como o duplo-quarteto de cordas em "Eleanor Rigby" (1966), e em "She's Leaving Home" (1967). Uma apresentação de Concertos de Brandenburgo, de Bach, mostrada na televisão britânica na época, inspirou McCartney a usar o flautim no arranjo de "Penny Lane".[145] Os Beatles desenvolveram o rock psicodélico com "Rain" e "Tomorrow Never Knows" de 1966, e "Lucy in the Sky with Diamonds", "Strawberry Fields Forever" e "I Am the Walrus" de 1967, entre outras, todas composições de Lennon baseadas nas estéticas impressionista e surrealista, além da filosofia contracultural.[carece de fontes]
A reunião de música pop com música erudita, presente em "Yesterday", em que os Beatles gravaram rock and roll com acompanhamento de uma orquestra de câmara e cujos arranjos estiveram a cargo do próprio McCartney e de George Martin,[146] foi pioneira. Segundo McCartney, a canção surgiu em um sonho que teve, e durante algum tempo ele ficou com receio de que fosse plágio.[146] Um fator com maior e melhor prestígio ainda está presente em "A Day in the Life", a primeira canção de rock a ser acompanhada por uma orquestra sinfônica. Presente em Sgt.Pepper, a faixa impressionou pelos barulhos e sons estranhos no meio da canção, porque, até então, nada havia de parecido na história do rock and roll. A parte as tentativas de outras bandas em criarem uma ópera rock, foi o ato de desmembrar uma canção em duas partes formando um início e um fim, com a introdução de um pequeno trecho que funciona como um entreato para o tema, que fez com que A Day in the Life pudesse ser considerada a primeira opereta do rock, e não uma simples medley de canções. A ideia de juntar partes distintas e formar uma única canção foi de John Lennon, que compôs a maior parte da música sendo seu início e fim, e tomando de Paul um pequeno trecho independente com o qual trabalhava.
No ano seguinte, em 1968, o trabalho da banda também contemplou os estilos folk e hard rock, em composições como "Rocky Raccoon" ou "Revolution", composição de Lennon considerada precursora do punk rock. O grupo voltaria a inovar, com o que para muitos seria a primeira canção "heavy metal" da história[147] (embora existam outras candidatas ao posto)[148]: A canção "Helter Skelter", contida no álbum branco. McCartney, inspirou-se no guitarrista Pete Townshend, da banda "The Who", que afirmou, no lançamento do single "I Can See For Miles", que aquela era a canção mais "alta, suja e barulhenta" que haviam feito até então. Ao ouvi-la, Paul tratou de criar junto com os outros Beatles sua própria ópera barulhenta e suja.
Em Revolution 9 também do álbum branco, Lennon realizou uma colagem de sons típica de música concreta e avant-garde. O modo de produção e utilização de arquivos sonoros por Lennon permitiu a posterior criação do sampler, ferramenta essencial - por exemplo - na música eletrônica.[carece de fontes]
Influência na cultura popular
A chegada dos Beatles na rádio é vista como um marco na música que sinaliza um fim à era do rock and roll da década de 1950: diretores de programas radiofônicos, como Rick Sklar da WABC (AM) de Nova Iorque, proibiam DJs de lançarem na programação qualquer música "pré-Beatle".[149]
Alguns lançamentos dos Beatles, como seus álbuns, foram imitados por diversos artistas, inclusive brasileiros. Por exemplo, a capa do Abbey Road é muito parodiada por diversos lugares, desde capas de outras bandas, como fotos de usuários da Internet, que, em Londres, passam pelas faixas brancas imitando os Beatles, ou fazem montagens em cima do original. Na televisão americana, foram muitos os desenhos animados que se referiram aos Beatles, a maioria apresentando um tom cômico. Talvez o mais visível seja Os Simpsons, embora a banda tenha sido citada também em episódios do Bob Esponja e As Meninas Superpoderosas.
Dentre as muitas referências culturais dos Beatles, até mesmo a faixa de pedestres em frente aos Estúdios Abbey Road, onde tiraram a foto usada na capa do álbum Abbey Road foi imortalizada, tornando-se patrimônio histórico oficial da Inglaterra.[150]
Pioneirismo
George Harrison, quando nos Beatles, tornou-se o primeiro músico a fundir instrumentos e, respectivamente, sons orientais com a música do rock; embora famoso, no entanto, este feito - demonstrado em "Norwegian Wood", onde há o uso da sitar (instrumento musical da família do alaúde e instrumento símbolo da música da Índia) - não foi o único que colocou a banda no patamar de pioneira.[151]
Com "Twist and Shout", "Can't Buy Me Love", "She Loves You", "I Want To Hold Your Hand" e "Please Please Me", lançados em março de 1964, tornaram-se iniciantes em ocupar os primeiros cinco lugares no topo norte-americano. Rubber Soul, de 1965, foi o primeiro álbum onde não havia o nome do artista em sua capa. Na época dos Beatles, os compactos eram curtos, mas "Hey Jude", com mais de sete minutos, mudou esse conceito. Foi a primeira banda britânica a fazer sucesso fora de seu país e a primeira de rock a fazer sucesso mundial. Com "Yellow Submarine", foram os primeiros roqueiros a escreverem canções com temáticas infantis. Em suas peregrinações à Índia, tornaram-se os primeiros a misturarem rock e misticismo. A primeira distorção de violão divulgada em gravação foi em "I Feel Fine". [carece de fontes]
O concerto no Shea Stadium tornou-os pioneiros na produção e realização de apresentações em estádios a céu aberto e participaram da primeira transmissão mundial via satélite cantando ao vivo "All You Need Is Love", no projeto Our World, em 1967. Foram a primeira banda de rock a fazer carreira no cinema e a primeira a produzir um disco conceitual de rock: Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band. Este mesmo disco fez com que eles fossem os primeiros a gravarem em quatro canais. Curiosamente, os Beatles foram o primeiro grupo a se separar.[carece de fontes]
Influência nos países lusófonos
Brasil
Nomes de brasileiros como Arnaldo Baptista, Belchior, Roupa Nova, Caetano Veloso, Carlos Drummond de Andrade, Cássia Eller, Erasmo Carlos, Fernanda Takai, Gilberto Gil, Lulu Santos, Mauricio de Sousa, Milton Nascimento, Paulo Leminski, Pedro Bial, Raul Seixas, Renato Russo, Serginho Groisman, Rita Lee, Ronnie Von, Zé Ramalho e muitos outros estão, de alguma forma, relacionados aos Beatles.[152]
No início em que a banda causava um estrondo, e que o termo "beatlemania" já era lançada aos quatro ventos, a mídia brasileira os intitulou de "Reis do Iê iê iê", por causa da letra da canção "She Loves You".[153] A primeira aparição do grupo em território brasileiro foi pelo cinema, com A Hard Day's Night.[153] Passando pelos terríveis momentos da política a partir da implantação da ditadura militar, o Brasil via surgir, pouco a pouco, os Beatles em suas maiores cidades. Na mesma década, o carioca Newton Duarte, entusiasmado em músicas estrangeiras, passava por rádios do Rio de Janeiro levando discos piratas do quarteto, que adquiria com o americano Douglar Robert.[153] Esses discos não tinham sido lançados no Brasil e Duarte conseguiu arrecadar dinheiro com o negócio pirata.[carece de fontes]
A revista nacional Fatos e Fotos tinha empregado o jornalista Janos Lengyel que, em 1966, realizou a primeira entrevista dos Beatles para a imprensa brasileira.[153]Big Boy, como agora Newton Duarte era conhecido, começou a introduzir os Beatles nas rádios e a transmitir ao Jornal Hoje, da Rede Globo, informações sobre o quarteto: com a banda um tanto mais popularizada, a recepção brasileira assistiu seus ritmos tropicais sendo misturados com os ritmos que começavam a serem introduzidos do exterior.[153]
Enquanto os Beatles faziam sucesso nos Estados Unidos e na Inglaterra, o Brasil passava pelo Golpe militar de 1964, que mudou a concepção do país. Embora tenha sido empregado no país uma política controlada e censurada, o Brasil não estancou, nem cultural ou economicamente e foi nessa época que a música do Brasil desenvolveu-se com intensidade.[154] Em 1967, nasce um movimento no país, tendo como precursores Caetano Veloso e Gilberto Gil, denominado Tropicália, que possuía o intuito de modificação cultural.[155] Apoiando-se na ideia da antropofagia promovida pelo modernista Oswald de Andrade, a Tropicália começou a popularizar a guitarra e o rock and roll no Brasil, sob forte influência dos Beatles.[156] Antes do movimento, o baiano Raul Seixas foi o pioneiro do rock brasileiro, feito que lhe conferiu o título de "pai do rock brasileiro"; Seixas frequentemente citava Lennon, que era um de seus maiores ídolos, ao lado de Elvis Presley.[157]
A articulista Clara Abdo resume a influência dos Beatles na Tropicália dizendo que o sistema, "[…] como movimento que abrangia vários recursos externos para a formação de uma nova música brasileira, acarreta em sua formação ícones culturais de várias épocas. Entre eles, Carmen Miranda, Roberto Carlos, representando a Jovem Guarda, o escritor José de Alencar, o corte de cabelo e as vestimentas da contracultura hippie nos Estados Unidos e os Beatles."[158] Na prática, a canção Senhor F, do grupo Os Mutantes, teve seu arranjo inspirado no álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band; a última faixa do disco lançado em 1968 pelos tropicalistas, "Ave Gencis Khan", modelou o estilo que Harrison tocava intrumentos orientais.[158]
Rogério Duprat, que se envolveu no movimento e desenvolveu carreira musical com grande parte dos artistas citados nessa sub-seção, ficou conhecido como o "George Martin" da Tropicália[carece de fontes] e relatou o seguinte em 2002:
Não é que eu fiquei dando aula para eles [os músicos da Tropicália]; ao contrário, eu que aprendi pra burro com os Mutantes, com o Gil, com o Caetano, com todo mundo, como fazer uma coisa, que pode ser ao mesmo tempo com certa correção, com uma correção que a gente já conhecia, de músicos, e fazer isso, de uma coisa popular e avançada, uma coisa na frente dos Beatles.[159]
Portugal
Por estar em território europeu, mesmo continente de origem dos Beatles, Portugal teve estreitas relações com os Beatles. Paul McCartney já desejou ter uma propriedade em território português, em 1989.[160] A casa é uma mansão do século XVII, com vista pro mar, e situada em uma estrada, um dos motivos pelos quais fez com que Paul desistisse da compra, pois sua privacidade estaria em jogo.[160] Em 9 de dezembro de 1987, McCartney concedeu a sua primeira entrevista a um jornalista português, na qual, entre outras coisas, relatou: "O que faço com o dinheiro? Ponho-o no banco… Não, faço imensas coisas: obras de beneficência, tenho uma família para sustentar, tenho a minha mulher e, como tu sabes, as mulheres gastam muito dinheiro!"[161]
Segundo o articulista Luís Pinheiro de Almeida, a letra de "Yesterday" foi escrita em Portugal, dentro de um carro, numa trajetória entre Lisboa e Faro.[146] "Sempre detestei perder tempo e a viagem era muito longa", relatou Paul McCartney sobre a inspiração para a letra.[146] Paul escreveu outras canções em território português. Em 1968, por exemplo, produziu "Penina", em Algarve, quando estava de férias com Linda McCartney no sul do país.[162] A letra foi entregue para o grupo português Jotta Herre.[162] Embora Paul tenha afirmado que não gravaria "Penina", ela aparece gravada pelos Beatles no álbum pirata Unheard Melodies, The Songs The Beatles Gave Away, junto com a versão dos Jotta Herre e de Carlos Mendes.[162]
Angola
Sempre foi difícil ouvir Beatles nas rádios angolanas, em razão do inicial balanço comunista que República de Angola estava reforçando.
[163] Contudo, a banda exerceu forte popularidade em Angola: "And I Love Her" e "Girl" foram as duas canções que mais podiam ser encontradas na indústria radiofônica angolana. Sem falar da influência que exerceu em algumas bandas angolanas de rock.[163]
Integrantes
John Lennon (nascido John Winston Lennon em Liverpool, em 9 de outubro de 1940, tornando-se John Winston Ono Lennon quando casado com a artista plástica Yoko Ono em 1969.[164] Foi assassinado em Nova Iorque em 8 de dezembro de 1980): fundador do grupo e integrante dele de 1957 - quando ainda era o The Quarrymen - até 1970 (quando os integrantes se separaram antes da dissolução legal da justiça), compositor, cantor, multi-instrumentista tocando piano, guitarra, gaita, instrumentos de percussão, teclados (como clavioline, cravo (instrumento), mellotron e órgão), baixo (ocasionalmente), violão, maracas, pandeiro (em canções dos álbuns Revolver e Magical Mystery Tour) e tape loops. Compôs vários sucessos dos Beatles, inclusive a canção All You Need Is Love, apresentada na primeira transmissão por satélite ao vivo do mundo e que ainda hoje é um hino para várias gerações.[carece de fontes]
Paul McCartney (nascido James Paul McCartney em Liverpool, 18 de junho de 1942, tornado Sir James Paul McCartney quando condecorado com o OIB em 1997): compositor, multi-instrumentista, baixista, pianista, cantor, percussionista, guitarrista e baterista (na música Back in the USSR), membro de 1957 a 1970. McCartney é autor de músicas muito aclamadas dos Beatles. Desde a primeira música do primeiro disco Please Please Me, I Saw Her Standing There, passando por hinos históricos como Hey Jude, Let It Be, Eleanor Rigby, Yesterday, Penny Lane, entre outras, até a última música do último álbum dos Beatles, Let It Be, "Get Back", além de idealizar muitas criações conceituais da banda como o álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. Formou, com Lennon, a dupla mais celebrada do rock and roll, sendo atualmente considerado o maior artista vivo.[165]
George Harrison (nascido George Harrison em Liverpool, 25 de fevereiro de 1943, e morto de câncer em Los Angeles, a 29 de novembro de 2001): compositor, guitarrista solo, cantor, tocava sitar e outros instrumentos da Índia, percussionista, tocava teclado e sintetizador, membro de 1958 a 1970. Harrison tornou-se célebre por introduzir a música indiana no rock and roll, e produziu canções que com o tempo tornaram-se muito famosas: While My Guitar Gently Weeps, Here Comes the Sun, a balada Something e outras. Na década de 1970, Harrison desenvolveu uma carreira solo de grande sucesso, lançando álbuns aclamados pelo público e pela crítica.[166]
Ringo Starr (nascido Richard Starkey em Liverpool, 7 de julho de 1940): baterista, percussionista, cantor, compositor (ocasionalmente), membro de 1962 a 1970. Starr foi o último músico a entrar na banda. Enquanto fazia parte do conjunto, ele compôs poucas canções, na verdade foram só duas: "Don't Pass Me By", para o Álbum Branco e "Octopus's Garden" para o álbum Abbey Road e mais quatro em co-autoria com os outros beatles ("What Goes On" do Rubber Soul, "Flying" do Magical Mystery Tour, "Maggie Mae" e "Dig It" do Let It Be). Depois de sair da banda, ainda nos anos 1970, construiu uma carreira solo de sucesso considerável.[carece de fontes]
"Quinto Beatle"
Ver artigo principal: Quinto Beatle
"Quinto Beatle" é um termo informal usado pelos fãs da banda e por vários comentaristas da imprensa ou de entretenimento, relacionado a pessoas que tiveram uma forte associação com o "quarteto de Liverpool", com exceção de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Foi e ainda é atribuído a:
Stuart Sutcliffe, pelo seu papel no início do grupo como baixista;[167]
Pete Best, baterista do grupo de 1960 a 1962; substituído por Ringo Starr; [carece de fontes]
Neil Aspinall, gerente dos Beatles de sua criação até 1963 e, em seguida, seu assistente pessoal. Foi ao leme da empresa Apple Corps de quase quarenta anos antes de aposentar em fevereiro de 2007, um ano antes da sua morte em março de 2008;[carece de fontes]
George Best, jogador lendário do Manchester United nos anos 60. Na mesma época da beatlemania, angariou grande popularidade entre a juventude britânica, com seu jeito rebelde e agitado dentro e fora dos campos.[carece de fontes]
Klaus Voormann, artista, amigo dos Beatles e designer das capas do Revolver e do The Beatles Anthology;[carece de fontes]
Brian Epstein, descobridor do grupo e, em seguida, empresário dos Beatles até a sua morte em 1967; [carece de fontes]
George Martin, patrono da gravadora Parlophone, uma divisão da EMI, que contratou os Beatles em 1962. Deste ano em diante, ele produziu quase todos os álbuns do grupo, e foi responsável pela maioria dos arranjos das canções dos Beatles. Também, frequentemente tocou teclado ou piano nas gravações. Ele também produziu álbuns que homenageiam a banda, como a série The Beatles Anthology e a compilação Love;[carece de fontes]
Jimmy Nicol, baterista que substituiu Ringo Starr quando este ficou doente, para uma dezena de concertos durante a turnê australiana dos Beatles em junho de 1964;[carece de fontes]
Derek Taylor, assessor de imprensa e confidente dos Beatles. George Harrison disse em 1988: "Só havia dois 'quinto beatle': Neil Aspinall, e Derek Taylor";[carece de fontes]
Billy Preston, tecladista que participou da gravação do álbum Let It Be, e também em algumas faixas de Abbey Road (1969).[carece de fontes]
Discografia
Ver artigo principal: Beatles Bootlegs
Álbuns de estúdio
Please Please Me (Parlophone, 1963)
With the Beatles (Parlophone, 1963)
A Hard Day's Night (Parlophone, 1964)
Beatles for Sale (Parlophone, 1964)
Help! (Parlophone, 1965)
Rubber Soul (Parlophone, 1965)
Revolver (Parlophone, 1966)
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Parlophone, 1967)
Magical Mystery Tour (Capitol, 1967)
The Beatles ("White Album", também conhecido em português como "Álbum Branco") (Apple, 1968)
Yellow Submarine (Apple Records, 1969)
Abbey Road (Apple Records, 1969)
Let It Be (Apple Records, 1970)
Relançamentos em CD
Em 1987, a EMI lançou todos os álbuns de estúdio dos Beatles em formato de CD por todo o mundo. A Apple Corps decidiu uniformizar as gravações dos Beatles em todo o planeta. Elas escolheram a versão original dos treze álbuns de estúdio (acima) para lançamento no Reino Unido, bem como o álbum americano Magical Mystery Tour, que havia sido lançado como um curto duplo EP no Reino Unido. Todo o material restante dos Beatles e os compactos de 1962-1970 que não tinham sido emitidos nos álbuns britânicos originais foram recolhidos para o duplo Past Masters, com dois volumes:[carece de fontes]
Past Masters, Volume One (Parlophone, 1988)
Past Masters, Volume Two (Parlophone, 1988)
Live at the BBC (Apple Records, 1994)
Anthology 1 (Apple Records, 1995)
Anthology 2 (Apple Records, 1996)
Anthology 3 (Apple Records, 1996)
1# (Apple Records, 2000)
Let it Be... Naked (Apple Records, 2003)
Love (Apple Records, 2006)
The Beatles in Mono (Discografia completa até 1968 em estilo Mono) (Apple Records, 2009)
On Air - Live at the BBC Volume 2 (Apple Records, 2013)
Os relançamentos de 1987 sofreram muitas críticas, principalmente por Paul McCartney e George Harrison, que acusaram George Martin de alterar as mixagens originais dos álbuns. Posteriormente, George Martin rebateu as acusações, explicando que, em virtude da pressa e das pressões da EMI para o relançamento do catálogo em formato digital, pela primeira vez, os quatro primeiros álbuns foram lançados exclusivamente em mono, sendo os demais lançados em suas versões estéreo, conforme mixados na época.
Entretanto, em virtude de alguma incompatibilidade entre as mixagens estéreo realizadas em 1965/1966 para o formato LP e a sua transposição para o formato CD, os álbuns Help! e Rubber Soul, de fato, sofreram remixagens, o que alterou, de maneira considerável, o som das canções, quando comparadas as versões originais em LP e as versões em CD.
O relançamento do catálogo remasterizado dos Beatles, em 2009, em formato digipack, traz significativas alterações sonoras entre as duas versões dos CDs (as lançadas em 1987 e a de 2009), principalmente em virtude da evolução tecnológica dos conversores analógico-digitais. As versões estéreo e mono dos álbuns (quando disponíveis) foram relançadas, mantendo-se, entretanto, as remixagens de 1987 para os álbuns Help! e Rubber Soul, nas versões estéreo no luxuoso box The Beatles Stereo Box Set. O box The Beatles in Mono inclui versões remasterizadas de todos os álbuns dos Beatles lançados em mono (a mixagem mono, relançada em CD, é a mesma feita na época de lançamento do LP), juntamente com as mixagens originais de 1965/1966 em estéreo de Help! e Rubber Soul (que George Martin tinha remixado para as edições lançadas em CD, em 1987).
As configurações dos álbuns americanos de 1964-65 foram realizados em boxes nos anos 2004 e 2006 (The Capitol Albums Volume 1 e Volume 2 respectivamente); esses volumes incluíram duas versões em mono e em estéreo baseadas na mistura de vinil que foram preparadas no momento de seus lançamentos originais nos Estados Unidos, em 1960.[168]
Relançamentos em vinil
Em Outubro de 2012, a EMI anunciou[169] o lançamento em vinil de todos os álbuns dos Beatles, que foram remasterizados para serem lançados em CD em 2009 e em download no iTunes em 2010. Assim, estarão disponíveis novamente, em formato LP, os 12 álbuns originais lançados no Reino Unido, mais "Magical Mistery Tour", lançado nos Estados Unidos, e a série "Past Masters".
Os LPs poderão ser adquiridos de forma individual ou todos juntos, em uma caixa limitada a 50 mil exemplares. Além de toda coleção reunida, a edição especial também será acompanhada de um livro com 252 páginas, escrito pelo produtor Kevin Howlett, responsável pelo relançamento do catálogo digital em 2009.
Discografia editada no Brasil
A discografia editada no Brasil começa com capas e seleções de música diferente das versões inglesa e americana. Alguns álbuns também possuíam nomes diferentes dos LPs ingleses e americanos. Os rêis do Iê, Iê, Iê, por exemplo, substituiu o título A Hard Day's Night, troca que ocorreu também no filme. A partir de Rubber Soul, a discografia editada no Brasil seguiu os lançamentos ingleses, que passaram a ser o modelo oficial no mundo todo. Outros compactos editados no Brasil podem ser conferidos em Discografia dos Beatles.[carece de fontes]
Beatlemania (Odeon, 1964)- Beatles Again (Odeon, 1964)
Os Rêis do Iê, Iê, Iê (Odeon, 1965)
Beatles 65 (Odeon, 1965)
Help! - Trilha Sonora do Filme "Socorro" (Odeon, 1965)
Filmografia
Os Beatles estrelaram cinco filmes, todos os quais relacionados à trilha sonora de seus álbuns. A banda participou de dois filmes filmados por Richard Lester, A Hard Day's Night (1964) e Help! (1965). O grupo produziu, dirigiu e atuou no filme de televisão Magical Mystery Tour (1967), e no filme de animação psicodélico Yellow Submarine (1968). Seu último filme, o documentário Let It Be, lançado em 1970, mostrou as sessões de ensaios e gravações para o projeto Get Back de 1969, e ganhou o Oscar de Melhor Canção Original. Recentemente foi lançado um musical somente com as músicas dos Beatles, o Across the Universe, porém, este foi lançado depois do fim da banda, sendo somente inspirado em suas músicas, e não com participação de nenhum deles. Em 2006, o Cirque du Soleil, em parceria com a Apple Corps, criou o espetáculo LOVE, inspirado nas músicas da banda, e também com a trilha sonora original.[170]
Notas
a. ^ Rock melódico e Rock Psicodélico: No caso dos Beatles, a estrutura do rock melódico pode ser encontrada em canções mais românticas, como "She Loves You" e em baladas, como "Something". A estrutura do rock psicodélico é encontrada em algumas canções do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, e particularmente em "Lucy in the Sky with Diamonds".
b. ^ Johnny and The Moondogs: Johnny seria um apelido para o nome de Lennon (John); The Moondogs: pode ser uma junção das palavras inglesas Moon (substantivo: lua, fase lunar) (verbo: vaguear, andar sem destino); e Dog (cão, cachorro).
c. ^ Long John and The Beatles: Literalmente, Grande John e os Besouros
d. ^ The Crickets: em português, Os Grilos. A homenagem seria trocando o título "The Quarryman", por "Os Besouros" ("The Beetles").
e. ^ Segundo Paul, ele sugeriu Beatles pela associação da palavra Beat (em Português, "batida") e que não passa de um trocadilho entre "beetles" e "beat".
f. ^ Silver Beetles: O nome do grupo estava, até então, definido com esse título.
g. ^ A persuasão de Epstein havia dado certo: Ver subseção 1963–64: Sucesso americano, segundo parágrafo.
h. ^ Primeira aparição ao vivo na televisão americana: Lembrando que os Beatles já tinham sido antes apresentados na televisão americana, no curto documentário de cinco minutos (ver 1963–64: Sucesso americano, seg. parágrafo), mas a produção era sobre a histeria que a banda causava na Inglaterra, e não tinha muito a ver com a relação do grupo àos Estados Unidos. Até então, a banda nunca havia se apresentado ao vivo num canal americano. No The Ed Sullivan Show este feito se realizou.
i. ^ Moda passageira: Em inglês, "fad".[69]
j. ^ Introducing The Beatles: Acredita-se que tenha sido a produção mais relançada do mercado fonográfico: quatro vezes em quinze meses. Estas reedições devem-se ao "estouro" que os Beatles causavam na América a partir de 1964. A Vee Jay, para atrair os fãs, apenas mudava a capa, mas o som era o mesmo.[63]
k. ^ Turnê Mundial de 1966: O repertório dos Beatles foi: "Rock´n´Roll Music", "She's a Woman", "If I Needed Someone", "Day Tripper", "Baby´s In Black", "I Feel Fine", "Yesterday", "I Wanna Be Your Man", "Nowhere Man", "Paperback Writer" e "I'm Down" (às vezes substituída por "Long Tall Sally").[85]
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Ver também
- Lista de recordistas de vendas de discos
- Lista de recordistas de vendas de discos no Brasil
- Lista de músicos recordistas de vendas em Portugal
- Quinto Beatle
- Lennon–McCartney
The Beatles: The First U.S. Visit - Documentário
LOVE - Espetáculo do Cirque du Soleil com trilha sonora composta de músicas dos Beatles- Apple Rooftop Concert
- Brian Wilson
- Bee Gees
- Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
Ligações externas
- Commons
- Wikiquote
Sítio oficial (em inglês)
Biografia "The Beatles" (em português)
Website with Photos from the Hamburger Star-Club (em inglês)
The Crossing (em inglês)